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domingo, 5 de setembro de 2010
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Eu sou. Tentando abraçar o mundo com meus bracinhos curtos, quero tudo, ao mesmo tempo e agora. Se tem algo que me assusta mesmo é ficar sozinha, do resto, a teimosia me impele pra frente.
E se não é a teimosia, são os sonhos. E esses, ah, esses encontram respaldo em seus pares literários.
Eu sou. Com (sua) licença poética.
domingo, 27 de junho de 2010
E se você vem, fica tudo maior, mais amplo, sei lá mas é como se eu existisse dum jeito mais completo, compreende?
Só eu sei que cheguei à humildade máxima que um ser humano pode atingir: confessar a outro ser humano que precisa dele para existir".
É fácil perceber a importância de alguém quando essa pessoa nos faz falta. Mas e quando essa falta se dá a cada instante?
A gente só pode ficar quietinha no canto, esperando que façamos essa mesma falta.
(e sorrimos quando percebemos - ou imaginamos? - um pequeno indício que seja)
sábado, 29 de maio de 2010
E ontem, além de ter em mãos um livro, eu tinha ainda crianças à vista. Pequenos de 7, 8 anos, com um pai no meio, brincando de Queimado. Olhava pra eles e lembrava de quando eu tinha os mesmo 7, 8 anos e passava os recreios e as Educações Físicas correndo, me esquivando e agarrando a bola, tacando com toda a minha força, engolindo o choro quando era "queimada" forte demais.
Fiquei um bom tempo parada, o livro esquecido, um sorriso bobo. Lembrei das minhas maria-chiquinhas compridas e lisas, que me renderam o apelido de Luz Clarita, os shorts meio largos, colocados no alto da cintura (mamãe e suas modas antiquadas - e hoje cintura alta é moda de novo, vai entender), as minhas botas ortopédicas.
E percebi de repente que quando eu me lembro disso tudo, e uma criança não sabe quem é Luz Clarita ou me olha sem pensar em me chamar pra brincar também, é um sinal claro que eu já cresci.
Agora, só quando tiver os meus filhos que voltarei a lidar com maria-chiquinhas, novelas infantis, cantigas...
E quem sabe eles me chamam pra jogar Queimado?
segunda-feira, 24 de maio de 2010
sábado, 15 de maio de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Fragmentos
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Ouvi a sua voz sonolenta no telefone, entre arrependida e divertida. Arrependida de ter te acordado, mas talvez nem tanto assim. Saber que você acorda só pra falar comigo é no mínimo muito bom. Não por acordar em si, mas pela importância que você me dá, pra interromper assim seu descanso.
E a situação em si é divertida, vê-lo lutando contra um soninho que insiste em te puxar de volta pros domínios de Morfeu.
E a sua voz continua linda e me deixando tão encantada em escutá-la, como sempre.
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Aqui os passarinhos estão cantando. Uma melodia desordenada e alegre, como se eles não se importassem com quem quer que esteja ouvindo, tudo o que fazem é saudar o sol que brilha, tão amarelo quanto suas penas.
Acho que vou deitar no sofá com a minha cachorra e improvisar um dueto com os canários.
Mas eu saudaria, além do sol, você, que deve estar dormindo agora. Ninando seu sono, à distância.
Será que em sonhos, você consegue me ouvir?
domingo, 11 de abril de 2010
Parecia mais um daqueles dias que só servem para te mostrar que a vida que se leva é muito diferente da vida que se quer - e não exatamente num bom sentido.
A única esperança é que quando fechasse os olhos, esse criatura ranzinza fosse embora, como essas incômodas nuvens que agora nublavam o céu...
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Caio Fernando Abreu
E no entanto é uma dor absolutamente necessária. Uma dor que eu escolho sentir todo dia - mas às vezes dói mais do que eu pensava.
E então você faz alguma coisa, que pode ser pequenininha como abrir um sorriso e me chamar de sua menina com uma flor (que é uma das formas que eu mais gosto que você me chame, porque é carinhosa, porque faz referência a um texto que eu amo e porque mostra que você é atento a cada pequena linha que eu escrevo - e que há muito tempo sempre tem alguma coisa pra você), e eu entendo que se é preciso doer para ter consciência desse sentimento que me deixa tão sem palavras, eu aceito essa condição com prazer.
E por ficar assim, sem saber direito o que dizer, é que eu te abraço forte toda vez que eu te vejo, e olho fundo nesses seus olhos lindos esperando que você consiga perceber o quanto você me dói de vez em quando.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Puxo as mangas, enquanto sinto o frio ir desvanecendo. Encolhida, deixo a mente vagar pela noite anterior, até de manhã, quando tive meu 'bom dia' mais gostoso.
Pode não ser a mesma coisa, mas usar o seu casaco é como se de certa forma você me abraçasse. E isso é mesmo muito bom.
domingo, 4 de abril de 2010
Desenhos, sempre desenhos!

E ontem eu (re)vi Aladdin. E (re)cantei as musiquinhas, todas, com o mesmo entusiasmo da época em que elas eram novidade pra mim.
Além da nostalgia que os clássicos da Disney me trazem, o fato de serem musicais realmente faz com que eu nunca me canse deles, e os tenha sempre na minha lista de preferidos. Música, dança, cores - e final feliz.
Será que consigo ter o meu?
quinta-feira, 1 de abril de 2010
quarta-feira, 31 de março de 2010
Catarse
Nunca achei que bebida servisse de desculpa para alguma eventual besteira cometida. Claro que ela interfere, deixa nossos reflexos mais lentos, catalisa certas emoções e tende a nos deixar desinibidos, mas a vontade propulsora sempre existiu, estava ali antes.
A bebida deixa as línguas mais soltas e o autocontrole também. E sem um autocontrole ajustado, a gente acaba deixando transparecer aquilo que não queríamos que fosse notado - pelo menos não ali, naquela hora.
Assim, é quase como se, por alguns instantes, todo o mundo (ou algumas pessoas em especial) nos ameaçasse. O ego sofre um abalo, e para quem sempre o teve como ponto de apoio, não é nada agradável se sentir diminuída.
Como eu disse, a gente sempre tem consciência (ao menos parcial) do que faz, sente ou diz. Mas o sentir, de certa forma, é amplificado - e a razão fica num canto, esquecida. É por isso que eu não gosto de pedir desculpas pelo que faço sob o efeito do álcool (na verdade, eu não gosto muito de pedir desculpas - sou orgulhosa e tenho a consciência disso), o que não quer dizer que eu ache que sempre estou certa.
Não tenho problema nenhum em admitir, portanto.
Eu sinto ciúmes. E fico emburrada por isso. E fico mais ainda quando não percebem - aumenta minha sensação de estar em segundo plano. E como é um sentimento que não controlo, não vou pedir desculpas. Mas eu preciso me explicar, pra tentar controlar melhor isso.
Por você, mas principalmente, por mim.
terça-feira, 16 de março de 2010
Me fala quem vai te socorrer
Quando chover e acabar a luz
Pra quem você vai correr?
Para quem se fez mais do que um amante, mais do que um amigo - um amigo-amante melhor que qualquer sonho de consumo.
Para quem sempre segurou minha mão - mesmo no escuro.
Você.
sábado, 13 de março de 2010
Carta de amor (tentativa)
Amor, (e só de usar esse vocativo, já acorda aquelas minhas borboletas no estômago)
eu te amo. Eu sei que você sabe, e sei também que esse deveria ser o final dessa carta, mas eu acho que essa é a causa de tudo o que eu possa dizer ou sentir. E você também pode achar que é só uma questão de estilo, se quiser. ;)
Eu acho que já te disse tudo - não quanto poderia ou quanto sinto, mas o que eu consigo expressar. Agora eu sei porque os textos mais bonitos são os mais simples - tudo o que importa é sugerido, apenas. Certas coisas são apenas sentidas.
O mais incrível é que você acaba com toda a minha pretensa originalidade. E ainda assim, é tudo novo, as cores realmente se tornaram mais brilhantes, eu estou mais feliz e a sua voz me acalma (e eu não me importo se nada disso parece fazer sentido, nós é que só fazemos sentido assim: plural, junto) .
E já que sentido não é o problema, queria dizer (de novo) que eu só espero uma coisa: a gente. Muito disso e eu já fico absurdamente feliz, sempre.
Eu te amo. (agora sim, no final, porque isso também é a consequência do que eu faço, digo e sinto)
segunda-feira, 8 de março de 2010
domingo, 7 de março de 2010
Agradecimento
Gostei de alguns garotos
Mas depois de você
Os outros são os outros...
e só. Só porque você faz de mim uma pessoa mais feliz. E mais bonita. E melhor.
Só porque me ama.
(e eu te amo também, tá?)
Você...
Hoje eu não dormi - quase. Fiquei ansiosa demais. Saudade demais. Amor demais. Acho que o único sentimento meu por você que não anda demais é a raiva e essas coisas ruins (porque a saudade não é exatamente ruim, é o querer aquilo que está longe, mas querer bem).
Agora eu vou ter mais uma discussão interna - por causa de você. Tudo porque eu preciso sempre te impressionar, estar sempre bonita pra você. Tentar causar em você um pouquinho da surpresa e felicidade que me dá toda vez que eu te vejo. (e penso: 'Nossa, como ele é maravilhoso!', porque não é apenas a sua beleza que me deixa assim)
E é só você que me faz acordar cedo, num domingo, e estar feliz com isso. Mesmo sem dormir. Mesmo sem comer. Mesmo... não, sem cantar, não. Até porque, eu canto muito mais agora. Repertório vasto. Notas agudas e alegres, voz, violão, coração e melodia. Minha canção de amor.
Minha não. Nossa.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Cachorros são bebês
É por isso que toda mulher sempre se rende a uma criancinha ou a um cachorrinho - desperta essa coisa que nos aflora desde a nossa primeira boneca, o tal do instinto maternal.
Anotem a dica aí, meninos. ;)
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Às vezes é bom dar uma sacudida...
Isso não quer dizer mudar radicalmente, talvez seja até mesmo retomar velhos hábitos. Reler livros há muito esquecidos, mas queridos, como aquela blusa que às vezes esbarramos no armário, tão bonita, só que fora da moda atual. Até que resolvemos usá-la assim mesmo.
Voltando aos livros, arrumando o meu armário, reencontrei alguns da Agatha Christie. Romances policiais, com o detetive Poirot. Além de serem histórias muito bem contadas, foi um dos meus primeiros contatos com crimes - e portanto, leis. Das histórias de detetive aos seriados policiais, os Law and Order e similares, foi pura questão de tempo. E eu não tenho problema nenhum em admitir que a minha primeira inspiração pra cursar Direito foi a rotina neles apresentada - mesmo que com altas doses de romantismo.
Nessa ansiedade de volta às aulas e com uma grade com as primeiras matérias de Direito, de fato, voltar àquilo que me inspirou foi no mínimo reconfortante - e carinhosamente nostálgico. Como sair com aquela blusa querida...
que mesmo fora de moda, fica absolutamente perfeita em você.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
E só agora começa...
É por isso que hoje, segunda-feira, é um dia triste. Porque agora que terminou MESMO o Carnaval. Hoje não temos mais nenhuma desculpa para protelar as promessas de ano novo, se é que pretendemos cumpri-las.
Porque podemos deixá-las para o próximo ano - se a nossa consciência e as nossas roupas ainda permitirem...
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Quando as idéias não se ajeitam, parece que alguém já escreveu tudo o que você queria dizer
Dos ficantes aos namoridos
Uma é a tribo dos ficantes. O ficante é o cara que te namora por duas horas numa festa, se não tiver se inscrito no campeonato “Quem pega mais numa única noite”, quando então ele será seu ficante por bem menos tempo — dois minutos — e irá à procura de outra para bater o próprio recorde. É natural que garotos e garotas queiram conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia.
Pegar sete caras. Pegar nove “mina”. A gente está falando de quê, de catadores de lixo? Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe. Não pessoas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegueeuse, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos.
Pegar, cá pra nós, é um verbo meio cafajeste. Em vez de pegar, poderíamos adotar algum outro verbo menos frio. Porque, quando duas bocas se unem, nada é assim tão frio, na maioria das vezes esse “não estou nem aí” é jogo de cena. Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em casa, isso sim.
No entanto, quem pode contra o avanço (???) dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário? Falando nisso, a segunda tribo a que me referia é a dos namoridos, a palavra mais medonha que já inventaram. Trata-se de um homem híbrido, transgênico.
Em tese, ele vale mais do que um namorado e menos que um marido. Assim que a relação começa, juntam-se os trapos e parte-se para um casamento informal, sem papel passado, sem compromisso de estabilidade, sem planos de uma velhice compartilhada — namoridos não foram escolhidos para serem parceiros de artrite, reumatismo e pressão alta, era só o que faltava.
Pois então. A idéia é boa e prática. Só que o índice de príncipes e princesas virando sapo é alta, não se evita o tédio conjugal (comum a qualquer tipo de acasalamento sob o mesmo teto) e pula-se uma etapa quentíssima, a melhor que há.
Trata-se do namoro, alguns já ouviram falar. É quando cada um mora na sua casa e tem rotinas distintas e poucos horários para se encontrar, e esse pouco ganha a importância de uma celebração.
Namoro é quando não se tem certeza absoluta de nada, a cada dia um segredo é revelado, brotam informações novas de onde menos se espera. De manhã, um silêncio inquietante. À tarde, um mal-entendido. À noite, um torpedo reconciliador e uma declaração de amor.
Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta, os minutos são contados, os meses são comemorados, a vontade de surpreender não cessa — e é a única relação que dá o devido espaço para a saudade, que é fermento e afrodisíaco. Depois de passar os dias se vendo só de vez em quando, viajar para um fim de semana juntos vira o céu na Terra: nunca uma sexta-feira nasce tão aguardada, nunca uma segunda-feira é enfrentada com tanta leveza.
Namoro é como o disco “Sgt. Peppers”, dos Beatles: parece antigo e, no entanto, não há nada mais novo e revolucionário. O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida: “Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante".
Martha Medeiros
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Trilhas sonoras
Particularmente, acho que consigo escutar de tudo um pouco, dependendo apenas da situação, e claro, do volume do som. Desde I gotta feeling o mais alto que a caixa de som suportar a Samba da bênção mais sussurado que cantado, ouço tudo, mesmo os sertanejos, RBD, instrumental, Carmina Burana. Bem democrática.
E por falar em Democráticos, a música alimenta uma outra paixão minha - a dança. Balé, jazz, sapateado, dança folclórica, Flamenca, samba de gafieira, forró, zouk, tango (!), samba, axé, funk. Topo, por que não? Se danço bem é outra história, mas que eu gosto, aaaah, se gosto.
Música é assim, sempre traz alguma outra coisa de bom junto. É por isso que os filmes e seriados (e novelas e até BBB!) têm trilhas sonoras. Elas marcam momentos que não queremos esquecer, momentos especiais.
Acho que é por isso que sempre associo tudo à música. Acho que é por isso que eu vivo cantarolando, mesmo que baixinho, quando estou do seu lado "É, só eu sei..."
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Essas sensações podem até ser um tormento na hora de se arrumar, nos dar mesmo vontade de chorar - de frustração? de raiva? - ou nos fazer querer nos enfiar num buraco debaixo da terra.
Mas quando criamos coragem e decidimos - horas e tentativas depois - sair, e encontramos um sorriso e um elogio, junto do abraço e do beijo carinhoso, aaaahhhh, vale a pena, deliciosamente a pena.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Vaidade
Claro que mesmo os meus quilinhos a mais - que já não sem tempo, estão se indo! - não me impedem de botar um shortinho e sair por aí, toda serelepe, gostando, e ao mesmo tempo corando, com os (indiscretos) olhares. Melhor que isso, só se estiver também bronzeadinha, com uma batinha fresca (aproveitando pra disfarçar a barriga, hehe), um coque e aquele ar despretensioso de menina-bonita-feliz-nessa-cidade-perfeita-que-é-o-Rio, num fim de tarde, perto da praia.
Porque toda a minha vaidade - e o meu coração - agora se sentem em casa quando encontram aquele ventinho cheio de maresia...
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Enfeitiçado
Uma colher de amor purinho
Um burburinho da manhã
Três dedos de leite quentinho
Um céu gigante, uma avelã
Um bem-me-quer, um sim, uma cereja
Um sonho ardente de hortelã
Três mil carinhos na bandeja
E um abraço de cachecol de lã
E lá fui eu
Pro caldeirão
E lá fui eu
Todo enfeitiçado
Pro seu coração
Jabuticaba dos olhinhos
Um chocolate de batom
Abracadabras em potinhos
Uma lembrança, um cheiro bom
Uma xícara do giz da lua cris
Um beijo doce de maçã
Um prato cheio de ser feliz
De hoje até bem depois de amanhã.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Da relatividade do tempo
Seja classicamente relacionada à duração (horas parecem minutos quando se está em boa companhia) ou mesmo sobre o aproveitamento do tempo (os apaixonados vão concordar comigo que nunca é o suficiente o tempo gasto com o ser amado, seja porque ele passa rapidamente, ou porque nos parece mais apropriado gastá-lo todo em tão prazeroso ofício), o tempo é relativo até mesmo quando ele vai ser relativo. E com isso, enfaticamente provocador - irônico, quase cruel.
O tempo pode até ser mesmo o bem mais precioso dos homens, mas eu ainda acho ele a coisa mais perigosa. Vai depender em que estivermos empregando-o. Relativo isso, não?
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Aaahh, o verão...
Dizem que é a estação da perdição;
é porque é no verão que você faz tudo aquilo que você vai contar para os seus netos, bisnetos, tataranetos um dia…
Dormir de cueca, dormir de calcinha, é só no verão;
Viajar para a montanha, para a cachoeira, para o balneario é só no verão…
é no verão que o amor floresce, o amor à preguiça, amor ao sol,
Ou até mesmo amor a uma sirigaita ou uma dúzia de sirigaitas, porque não?!
Seja otimista rapaz, é verão!
Vai contar o que para o neto?
Que ficou jogando o dominó?!
Não…vai contar que pulou da pedra, comeu churrasco, deu cambalhotas…
Essas coisas que a gente só faz no verão.
(porque afinal de contas estamos de férias, estamos felizes, e é verão!)
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Sabe o que é ainda mais assustador? Isso pode influenciar outras pessoas, direta ou indiretamente.
Alguém aí já inventou uma coleira e biscoitinhos, para controlar e agradar o instinto criativo?
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
conversa de msn, depois de muita Teoria Literária.
eu sou fascinada por espelhos
ontem mesmo eu estava pensando nisso
- beta disse:
eu gosto de jogar um contra o outro
e de me olhar, tbm, aah, eu gosto disso demais, haha
Daniele disse:
ontem eu tava olhando o espelho com medo do que eu poderia ver por trás de mim
saí correndo do banheiro
- beta disse:
eu tava pensando numa coisa, em geral ninguém gosta de se ver no espelho com alguém
mas sempre tem esse medo, como vc falou aí de ver algo
o que?
espelhos são mais cruéis que máquinas fotográficas
pq eles só funcionam com a gente, com nossos olhos e cérebro, e no entanto, a gente está sempre em busca de uma revelação, ou confirmação, mas tem medo
é meio masoquista isso.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Luz dos olhos
Os meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par
(...)
Que a nossa música eu fiz agora
Lá fora a lua irradia a glória
E é cantando que eu quero te receber. Voz e olhos afinados para o seu abraço.
Letra e música ensaiada, só não controlo o nervosismo. Sim, porque eu quero sempre, sempre, te agradar. E receber no final, não um aplauso, mas um sorriso.
Um sorriso que combine com o que está comigo, desde que a minha canção passou a ser nossa.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Das músicas estritamente sensoriais
Fiquei com isso na cabeça e chegando em casa, São Google me fez descobrir o que queria. Daí, aproveitei e baixei ela logo, antes que fosse mais uma da minha lista de coisas que quero e nunca lembro na hora que devo. Ouvi uma, duas, três, até que lembrei de dar a informação pedida mais cedo. No meio da conversa, lembrei de outras músicas que encaixo na mesma categoria e lá fui eu catá-las no youtube.
A categoria, compartilhada com amigos meus, é de "músicas motélicas". Sabe, aquelas músicas que tocam na madrugada da JB, propícias pra se criar um clima ou se deprimir lembrando que alguém está aproveitando enquanto você está panacamente em casa escutando rádio a essa hora. Aquelas músicas que todo mundo já escutou pelo menos uma vez na vida, mas ninguém nunca lembra direito o nome.
Vai ver, elas foram feitas pra isso mesmo, pra serem lembranças sensoriais, e não enunciadas.
(sugestões: Careless whisper, George Michael; Come undone, Duran Duran; Muito estranho, Dalton)
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Vá, de ressaca...
Algum tempo quieta, algumas músicas e me volto à Capitu. Uma das minhas primeiras e mais revisitadas experiências literárias, nem mesmo depois de tantas releituras perdeu seu encanto. Embora eu tema concordar com Bentinho, quando se trata da atração do olhar daquela menina, eu me rendo. Aliás, embora muito se fale sobre seus olhos, toda ela é irresistível.
E pensando nela, já me perdi de novo...
Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e dissimulada." Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar.
Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...
(...)
Sentou-se. "Vamos ver o grande cabeleireiro", disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tato aqueles fios grossos, que eram parte dela.
O trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da pequena ou nas espáduas vestidas de chita, e a sensação era um deleite. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis.
Não pedi ao céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, porque não conhecia ainda esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois; mas, desejei penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes.
Enfim acabei as duas tranças. Onde estava a fita para atar-lhes as.pontas Em cima da mesa, um triste pedaço de fita enxovalhada. Juntei as pontas das tranças, uni-as por um laço, retoquei a obra, alargando aqui, achatando ali, até que exclamei:
- Pronto!
- Estará bom?
- Veja no espelho.
Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela rosto a rosto, mas trocados, os olhos de uma na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu.
- Levanta, Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e... Grande foi a sensação do beijo; Capitu ergueu-se, rápida, eu recuei até à parede com uma espécie de vertigem, sem fala, os olhos escuros.
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro)