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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Vaidade

Que eu sou uma pessoa MUITO bem resolvida comigo mesma todo mundo que me conhece sabe. Que todas as mulheres têm uma eterna insatisfação com a aparência, até quem não me conhece sabe. E eu não fujo à regra, pelo menos não totalmente.


Claro que mesmo os meus quilinhos a mais - que já não sem tempo, estão se indo! - não me impedem de botar um shortinho e sair por aí, toda serelepe, gostando, e ao mesmo tempo corando, com os (indiscretos) olhares. Melhor que isso, só se estiver também bronzeadinha, com uma batinha fresca (aproveitando pra disfarçar a barriga, hehe), um coque e aquele ar despretensioso de menina-bonita-feliz-nessa-cidade-perfeita-que-é-o-Rio, num fim de tarde, perto da praia.



Porque toda a minha vaidade - e o meu coração - agora se sentem em casa quando encontram aquele ventinho cheio de maresia...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Enfeitiçado

Essa música diz muito do que eu ando sentindo, e a voz da cantora ainda é tão ou mais doce que sua letra. =)


Uma colher de amor purinho
Um burburinho da manhã
Três dedos de leite quentinho
Um céu gigante, uma avelã
Um bem-me-quer, um sim, uma cereja
Um sonho ardente de hortelã
Três mil carinhos na bandeja
E um abraço de cachecol de lã

E lá fui eu
Pro caldeirão
E lá fui eu
Todo enfeitiçado
Pro seu coração

Jabuticaba dos olhinhos
Um chocolate de batom
Abracadabras em potinhos
Uma lembrança, um cheiro bom
Uma xícara do giz da lua cris
Um beijo doce de maçã
Um prato cheio de ser feliz
De hoje até bem depois de amanhã.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Da relatividade do tempo

Não sei muito bem como, nem porque, Einstein enunciou a chamada Teoria da Relatividade. Não gosto de Física, nem de números em geral, mas essa característica do tempo, quando associado principalmente ao que nos faz bem, já nos é conhecida há muito.



Seja classicamente relacionada à duração (horas parecem minutos quando se está em boa companhia) ou mesmo sobre o aproveitamento do tempo (os apaixonados vão concordar comigo que nunca é o suficiente o tempo gasto com o ser amado, seja porque ele passa rapidamente, ou porque nos parece mais apropriado gastá-lo todo em tão prazeroso ofício), o tempo é relativo até mesmo quando ele vai ser relativo. E com isso, enfaticamente provocador - irônico, quase cruel.



O tempo pode até ser mesmo o bem mais precioso dos homens, mas eu ainda acho ele a coisa mais perigosa. Vai depender em que estivermos empregando-o. Relativo isso, não?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Aaahh, o verão...



Dizem que é a estação da perdição;
é porque é no verão que você faz tudo aquilo que você vai contar para os seus netos, bisnetos, tataranetos um dia…


Dormir de cueca, dormir de calcinha, é só no verão;
Viajar para a montanha, para a cachoeira, para o balneario é só no verão…
é no verão que o amor floresce, o amor à preguiça, amor ao sol,
Ou até mesmo amor a uma sirigaita ou uma dúzia de sirigaitas, porque não?!
Seja otimista rapaz, é verão!


Vai contar o que para o neto?
Que ficou jogando o dominó?!
Não…vai contar que pulou da pedra, comeu churrasco, deu cambalhotas…
Essas coisas que a gente só faz no verão.




(porque afinal de contas estamos de férias, estamos felizes, e é verão!)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A imaginação é mesmo uma coisa meio medonha. Ela pode igualmente nos deixar pulando de felicidade como pode nos arrastar para o mais fundo dos poços. Tudo depende de qual lado a gente vai ouvir, dos sentimentos que vamos deixar nos dominar.


Sabe o que é ainda mais assustador? Isso pode influenciar outras pessoas, direta ou indiretamente.


Alguém aí já inventou uma coleira e biscoitinhos, para controlar e agradar o instinto criativo?



(só porque às vezes as coisas acontecem tão rápido na minha mente que não dá nem pra eu mesma acompanhá-la, e acabo fazendo besteira)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

conversa de msn, depois de muita Teoria Literária.

Daniele disse:
eu sou fascinada por espelhos
ontem mesmo eu estava pensando nisso


- beta disse:
eu gosto de jogar um contra o outro
e de me olhar, tbm, aah, eu gosto disso demais, haha



Daniele disse:
ontem eu tava olhando o espelho com medo do que eu poderia ver por trás de mim
saí correndo do banheiro


- beta disse:
eu tava pensando numa coisa, em geral ninguém gosta de se ver no espelho com alguém
mas sempre tem esse medo, como vc falou aí de ver algo
o que?
espelhos são mais cruéis que máquinas fotográficas
pq eles só funcionam com a gente, com nossos olhos e cérebro, e no entanto, a gente está sempre em busca de uma revelação, ou confirmação, mas tem medo
é meio masoquista isso.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Luz dos olhos

Os meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par
(...)
Que a nossa música eu fiz agora
Lá fora a lua irradia a glória



E eu te chamo. Acho que já não preciso mesmo pedir para que venha, você sabe que é bem vindo. E pode vir do jeito que quiser, porque eu já admiro todos os seus mistérios. Sobre eles me debruço, me enrosco e me aproprio. Embora não saiba todos os seus discursos, acho que consigo adequar o meu canto à eles.



E é cantando que eu quero te receber. Voz e olhos afinados para o seu abraço.



Letra e música ensaiada, só não controlo o nervosismo. Sim, porque eu quero sempre, sempre, te agradar. E receber no final, não um aplauso, mas um sorriso.



Um sorriso que combine com o que está comigo, desde que a minha canção passou a ser nossa.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Das músicas estritamente sensoriais

Eu tenho um problema muito sério pra guardar nomes de músicas. Em geral eu conheço, até sei cantar, mas quando me perguntam o nome, nunca lembro. Hoje não foi diferente. Barzinho, violão, e eu já cantarolando uns versos, quando me perguntam: "Que música é essa, quem canta?". Não sei, não sei.


Fiquei com isso na cabeça e chegando em casa, São Google me fez descobrir o que queria. Daí, aproveitei e baixei ela logo, antes que fosse mais uma da minha lista de coisas que quero e nunca lembro na hora que devo. Ouvi uma, duas, três, até que lembrei de dar a informação pedida mais cedo. No meio da conversa, lembrei de outras músicas que encaixo na mesma categoria e lá fui eu catá-las no youtube.


A categoria, compartilhada com amigos meus, é de "músicas motélicas". Sabe, aquelas músicas que tocam na madrugada da JB, propícias pra se criar um clima ou se deprimir lembrando que alguém está aproveitando enquanto você está panacamente em casa escutando rádio a essa hora. Aquelas músicas que todo mundo já escutou pelo menos uma vez na vida, mas ninguém nunca lembra direito o nome.


Vai ver, elas foram feitas pra isso mesmo, pra serem lembranças sensoriais, e não enunciadas.



(sugestões: Careless whisper, George Michael; Come undone, Duran Duran; Muito estranho, Dalton)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Vá, de ressaca...

Réveillon, champagne, bebidas. Delas pra ressaca, um pulo. E na minha mente já um tanto alta, sou jogada nas vagas de uma outra ressaca, mais pertubardora, mais atemporal.


Algum tempo quieta, algumas músicas e me volto à Capitu. Uma das minhas primeiras e mais revisitadas experiências literárias, nem mesmo depois de tantas releituras perdeu seu encanto. Embora eu tema concordar com Bentinho, quando se trata da atração do olhar daquela menina, eu me rendo. Aliás, embora muito se fale sobre seus olhos, toda ela é irresistível.


E pensando nela, já me perdi de novo...


-Deixe ver os olhos, Capitu.

Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e dissimulada." Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar.

Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...

(...)

Sentou-se. "Vamos ver o grande cabeleireiro", disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tato aqueles fios grossos, que eram parte dela.

O trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da pequena ou nas espáduas vestidas de chita, e a sensação era um deleite. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis.

Não pedi ao céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, porque não conhecia ainda esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois; mas, desejei penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes.

Enfim acabei as duas tranças. Onde estava a fita para atar-lhes as.pontas Em cima da mesa, um triste pedaço de fita enxovalhada. Juntei as pontas das tranças, uni-as por um laço, retoquei a obra, alargando aqui, achatando ali, até que exclamei:

- Pronto!

- Estará bom?

- Veja no espelho.

Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela rosto a rosto, mas trocados, os olhos de uma na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu.

- Levanta, Capitu!

Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e... Grande foi a sensação do beijo; Capitu ergueu-se, rápida, eu recuei até à parede com uma espécie de vertigem, sem fala, os olhos escuros.


(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro)