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domingo, 5 de setembro de 2010

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida." (Vinícius de Moraes)



Foi preciso ler algumas muitas vezes para me lembrar de seu significado. Foi preciso passar por muitos desencontros para que hoje eu pudesse me encontrar.

E é assim, já com meu encontro marcado, que eu alcanço a serenidade de reconhecer que em cada desencontro, houve sim um encontro, ainda que fugaz, com algumas partes que, quando se encontram, fazem parte dessa bagunça que eu sou.

E é preciso reconhecer que alguns encontros nos trazem lembranças melhores que outros. Nos fazem abrir um sorriso - que não é de saudade, mas em pensar que apesar de tudo, eu fui sim, feliz.

Aliás, eu fui, não. Eu sou. Principalmente porque alguns encontros, apesar de inesperados e diferentes no tempo, são eternos.

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

— dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.



Eu sou. Tentando abraçar o mundo com meus bracinhos curtos, quero tudo, ao mesmo tempo e agora. Se tem algo que me assusta mesmo é ficar sozinha, do resto, a teimosia me impele pra frente.

E se não é a teimosia, são os sonhos. E esses, ah, esses encontram respaldo em seus pares literários.

Eu sou. Com (sua) licença poética.