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domingo, 5 de setembro de 2010

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

— dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.



Eu sou. Tentando abraçar o mundo com meus bracinhos curtos, quero tudo, ao mesmo tempo e agora. Se tem algo que me assusta mesmo é ficar sozinha, do resto, a teimosia me impele pra frente.

E se não é a teimosia, são os sonhos. E esses, ah, esses encontram respaldo em seus pares literários.

Eu sou. Com (sua) licença poética.

Um comentário:

  1. Quando a gente põe um texto de uma pessoa, tem de creditá-lo.

    Poema de Adélia Prado.

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