My playlist

domingo, 26 de julho de 2009

toca. assim, de leve, como quem tem medo de espantar. deixa a mão lá. sim, deixa, com cuidado, como que acostumando à presença dela. ensaia um carinho, pra não ser brutal. os olhos se fecham, a respiração, ainda leve.

aos poucos, cria coragem para passear. desliza a mão, sem jamais perder o contato com a pele. volta de onde saiu. prestando atenção no movimento dos olhos e nas mudanças da repetição diafragmática, encontra um ritmo. começa devagar e aos poucos, vai aumentando.

a intensidade faz ela se mexer, estica as pernas, abre, fecha, eleva os quadris, os olhos reviram na medida em que o toque já não é mais tão delicado. está arfando.

começa a pressionar, não muito, pra não machucar, o objetivo não é esse.

o objetivo é lembrar o desejo adormecido. lembrar que a possibilidade do prazer ainda é real, apesar ...

Um café (parte 2)

Esfregava as mãos para esquentá-las. Mesmo os 15º ºC do inverno carioca eram o bastante para fazê-lo desejar estar longe, muito longe. Onde o sol esquentasse e ir à praia parecesse convidativo. aproveitou a hora do almoço para descer e tomar um café - preto, forte e revigorante. Quem sabe comer um sanduíche, ou um salgado, qualquer coisa, desde que quente.

Abriu a porta para a senhora entrar. como legítimo cavalheiro, só entrou ele mesmo depois. Foi quando sentiu sua mão puxada. Acompanhou com o olhar: do pingente de uma pulseira, pertencente ao delicado pulso, chegou ao rosto rosado (será de frio? não importa, é lindo!) onde cabelos castanho-avermelhados mexiam-se levemente com o vento.

A moça denotava um misto de surpresa e impaciência, e ele apenas seguiu-a para fora da loja, desprendendo a pulseira dela de sua luva e preocupado apenas em manter alguma conversa. Tudo o que lhe importava era continuar a ver aquele rosto que inexplicavelmente, tanto o aquecia.

Um café (parte 1)

Pega o café na máquina - fumegante - e se senta numa mesa escondida num canto. Gosta de observar as pessoas, distraidamente. Às vezes, olha tão fixamente pra alguém que a pessoa, curiosa, retribui o olhar. E ela baixa os olhos para seu café. Leva aos lábios o mocaccino, calor acariciante de um gole no inverno carioca. Inverno que nem é tão inverno assim, mas talvez seja justamente o melhor: frio suficiente para desfilar seu com trench coat e bochechas rosadas, mas sem fazer desistir de sair.

Pousa o copo na mesa, sacando uma barra de chocolate da bolsa. Come, termina o café e levanta-se. Na porta, sua pulseira prende em algo. Dá um leve puxão, mas como não solta, vira-se para ver o que era.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Nostalgia

saudade do que não se tem mais.


saudade do passado, que nem era tão bom assim, mas era conhecido, e por isso, seguro. porque ultimamente, o desconhecido tem me dado um medo...


e a minha única vontade é ficar deitada na minha cama com um bom estoque literário e de chocolate.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

essa saudade que eu sinto, de tudo que eu ainda não vi...


e também do que eu vi. do que existe, existiu ou existirá. esse sentimento de que nada vai aplacar essa sede de ter, conhecer, seja gente, lugar ou livro, fatos e bichos, ainda vai me deixar maluca. ou já estou - só faltando o atestado. mas pra que serve o atestado se só diz algo que já sabemos?

sei lá, vontade de falar. por horas e horas, mas não sei nem de quê. ou com quem. então fico nesse monólogo aparentemente desconexo, porque na verdade, quando falo comigo mesma é tudo de uma verdade cristalina e simples, porque é o mundo que compluca tudo. "o inferno são os outros" diz Sartre.

aprendi com uma mestra de literatura. mestra não só de literatura, mestra em fazer chá e escutar seus alunos. em identificar seres pensantes, mesmo em criaturas de 16 anos. mestra em saber que mesmo nos amores adolescentes, mesmo nos namoros de escola, há amor o suficiente pra você ter a maior dor de cotovelo da sua vida, e mesmo depois de se desapaixonar e reapaixonar, sentir uma fagulha dele em você. e saber que ela vai permanecer pra sempre, porque ele foi você e você foi ele, mesmo com os apelidinhos, mesmo sem mal terem se tocado - porque suas almas se tocaram através do olhar. e foi noite na sua vida enquanto isso era o que dominava seu coração. e vai ser um eterno quase-alvorecer enquanto não achar outro que te faça sentir o mesmo.

e isso, ahhh, só se aprende escutando os silêncios que fazem parte da ópera da vida, como diria o tenor machadiano. e machado tem autoridade pra falar,né?


(pra aplacar o silêncio da saudade, vou cantar um pouco. porque eu vivo só pra música quando estou cantando.)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Laissez fare. Deixar fazer, na tradução literal. Expressão perigosa, pois dá liberdades que podemos nos arrepender depois.

Liberdade. Palavra bonita, de fácil compreensão. Mas a prática? Ahh, como sempre, fazer é um problema.

E voltamos ao fazer. Fazer... realizações? Grandes feitos? Ou caprichos? No fim, fica sempre a dúvida da intenção.






Então, o negócio é mesmo deixar fazer. Porque as possibilidades são múltiplas. Vamos fazer, depois a gente vê no que vai dar...