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terça-feira, 30 de junho de 2009

Don't go around breaking young girls hearts.

Sentou. Na janela, como sempre. Sua mãe vivia lembrando-o de como pioraria sua sinusite, de que ganharia uma rinite e todos esses ites respiratórios. Que diabo, como um pouco de ar fresco podia fazer mal? Ainda assim, fechou um pouco. Não completamente, precisava sentir um pedaço do mundo que passava, precisava de liberdade - mesmo que fosse pela pequena fresta da janela aberta.

Olhou o relógio - duas e meia. Antes das quatro, com um pouco de sorte, estarei chegando. Sentiu a fome apertar a barriga e pegou uma barra de cereal na mochila. Gosto de nada. Olhou a embalagem, 90 kcal. Não me admiro das garotas gostarem disso, com tanta propaganda de zero gordura trans e apenas 90 kcal...

Um carro encostou ao seu lado, com um som ensurdecedor. O motorista berrava a letra do funk, numa disputa com o aparelho, sobre os dotes de uma... melhor deixar pra lá.

Fechou os olhos. Sentiu cheiro de pipoca quando parou no sinal, aspirou (e tossiu) fumaça quando o caminhou cortou seu ônibus (Filho da Puta!), abriu os olhos a tempo de ver a moça bem vestida passar, depois que sentiu o cheiro do perfume doce que anunciava a presença dela.

Sem dar por isso, começou a cantar. A música do rádio, she said i'm the one, but the children is not my son, o pagode da infância, Garçom, aqui nessa mesa de bar, Preta Gil.

E quando saiu do transe no qual a música o deixou, surpreendeu-se por estar perto do seu ponto. Levantou, e passando no corredor, olhou duas vezes para a garota do último banco. Bonita, sempre a via nesse trajeto, há mais de um ano, mas nunca parei pra falar com ela. Sorriu e desceu.

Na calçada, já pensava em Clara, ao menos quando estou chegando lembro dela.

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